quinta-feira, 29 de maio de 2014

LÂMPADA.

Alberto tentou alcançar a lâmpada queimada; para isso usou um banco... começou a subir com dificuldade... no primeiro movimento imaginou que seria difícil se equilibrar sobre aquele pequeno tampo de madeira...
Tentou uma, duas vezes e, percebendo que não conseguiria manter o equilíbrio, e com medo de cair e se machucar, Alberto desistiu. Encostou a mão direita na parede, olhou para a lâmpada queimada, quieta, silenciosa e soberana, que se mantinha intacta perto do teto; balançou a cabeça, em um sinal negativo, baixou os olhos e desanimado disse baixinho, somente, para ele próprio ouvir: "É... demorou, mas este dia chegou!"
Foi até a janela da cozinha e gritou pela neta: "Julia! Faça o favor de vir aqui."
Julia não demorou a chegar na cozinha; sorrindo, a neta perguntou o quê o avô queria; "Troque aquela lâmpada, por favor."
Julia nem se deu conta do (pequeno) dilema do avô; subiu no banco com um rápido movimento, pegou a lâmpada, girou uma, duas, três vezes e pediu ao avô: "Vô, toma aqui... passa a lâmpada nova!" Em mais três torcidas, a lâmpada acendeu, e Julia pôde ver o rosto abatido do avô.
A moça resolveu não perguntar o que estava acontecendo, afinal o avô não era muito de falar... "certamente não é nada de mais!" e voltou para o quintal.
Alberto, sozinho na cozinha, com a lâmpada na mão e olhar perdido num dia qualquer do passado, disse baixinho: "Obrigado, Julia! Agora chegou a sua vez!"

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