quinta-feira, 3 de julho de 2014

MÃOS ÁGEIS.

Manoel correu pela rua, empunhando a bandeira da seleção, aos gritos de “Venceu!”, repetidas vezes, o menino ria descontroladamente, experimentando as sensações da vitória futebolística.
Ao lado, o primo, Alberto, teclava rapidamente no telefone celular mensagens e mais mensagens, em uma conversa animada e infinita.
Manoel perguntou ao primo: “Cara, você não está feliz porque o nosso time ganhou?”; o primo balançou a cabeça afirmativamente, sem tirar os dedos e os olhos da tela iluminada do aparelho.
O primo insistiu: “Fala, Beto! Gostou ou não?”; Alberto, digitando rapidamente, voltou a balançar a cabeça e soltou um som de afirmação (rã... rã); Manoel odiou aquele desdém do primo pelo resultado do jogo de futebol... aquela “distância” da felicidade-de-todos era uma verdadeira falta de respeito!
Em milésimos de segundos, Manoel pensou num grande plano, e enquanto o primo teclava, agarrou o aparelho e saiu correndo pela rua, balançando as mãos – uma com a bandeira e a outra com o telefone do primo – e gritava: "Agora todos estamos felizes! Brasiiiiil!  Brasil!”; Alberto, desesperado, corria atrás de Manoel pela rua barulhenta e em festa.

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