Julio sentou na cama e pediu: "Pai, me dá lanche?"
José abriu os olhos, virou a cabeça para o menino de 5 anos e respondeu: "Rapaz! Vai dormir... nem amanheceu direito."
Julio não perdeu as esperanças e emendou: "Mas, pai eu estou com fome; e estou vendo uma pontinha do sol ali no canto da janela."
José, irritado com o sono que sentia e a hora (não era nem seis!), consertou o menino: "Não é lanche, Julio. É café da manhã! Não está de manhã? Então é café da manhã!"
O menino era "rápido" nas respostas: "Viu? Já é de manhã; você mesmo disse agora!"
O pai virou para o outro lado da cama e, de costas para o filho, pediu com voz de quem implora: "Filho amado, idolatrado, salve salve... deixa eu dormir só mais um pouco? Deixa?"
"Pai, eu nem pediria nada, mas minha barriga está pedindo comida... (e se aproximando mais do pai, continuou) ouve! Ouve a minha barriga... ela tá reclamando... nhoc roc raam... tá ouvindo? Tá?"
José sentou na cama; o filho se afastou uns dois metros; o pai levantou, passou a mão na barba e caminhou para a cozinha; abriu a geladeira, pegou o suco, pão e requeijão e disse "Vem, pequeno tiranossauro, vem!"
Julio sentou na cadeira mais perto da televisão, com os olhos divididos entre a mesa e a tv; José passou requeijão numa fatia de pão, sacudiu a caixa de suco, serviu um copo e colocou tudo na frente do filho.
O menino começou a comer, com vontade; José sentado em frente a ele; a mão segurando a cabeça; e Julio perguntou: "Você disse café da manhã e me deu suco! Suco é lanche, não é?"
"Tá bom, Julio. Tá bom... lanche da manhã. É isso?"
E o menino, sorrindo, respondeu: "Isso, isso, isso...", imitando um programa enlatado.
José levantou e foi para o quarto; Julio só conseguiu ouvir a voz do pai dizendo: "... e depois põe tudo na pia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário