Leila acordou no dia seguinte do seu aniversário de doze anos; era um domingo de outono, com sol claro e temperatura amena.
A rua, com calçadas de pedras avermelhadas e uma árvore na frente de cada casa, estava vazia, sem pessoas ou carros... um vento quase frio roçava o rosto, pescoço e as mãos da menina; ela não ligava; a única coisa que queria era encontrar Ana Elisa e Maurício; pedia a Deus, com força, que os dois amigos viessem para a rua se encontrarem com ela; Leila não queria, ela precisava que eles aparecessem!
Andou da esquina de sua casa até o final da rua; um carro passou rápido, na direção da igreja; dona Nélia saiu de casa com uma caneca na mão e chamou dona Hellen (Vizinha, pode me emprestar uma caneca de pó de café?); dois cachorros latiram, talvez conversando; tudo isso acontecendo, mas nada de Ana Elisa ou Maurício.
Contrariada, Leila entrou em casa, demorou uns dez minutos e saiu com um biscoito de milho numa mão e na outra o seu novo celular - presente da tia Vilma.
Sentou no muro baixo da casa de dona Nélia (ela já tinha entrado para fazer café para o marido!) e comeu o biscoito, em pequenos pedaços; e enquanto mastigava, olhava insistente para o lado das casas dos amigos, mas, nada de um ou outro aparecer. Ouviu uma carroça entrar na ponta da rua... e viu o cavalo, a carroça, o jovem de chapéu de palha, conhecidos, passarem lentamente... De repente, ouviu um portão abrir e fechar e reconheceu Ana Elisa, que vinha "empacotada" em um casaco rosa e touca branca; Leila deu um impulso e saiu do muro, levantou os braços e disse: "- Enfim, Ana Elisa! Pensei que tinha se mudado para a China! Que demora, meu Deus! Até o garrafeiro já passou..."
A amiga riu e levantou os braços, dizendo: "- Leila, calma! Você só tem doze anos e um dia e já está reclamando como uma velhinha coróca?" e, sem deixar a amiga continuar, explicou: "- Minha mãe disse que eu só saía de casa depois de ajudar a fazer a massa dos pães... e meu pai resolveu tocar violão e cantar conosco... foi tão divertido!"; e Leila, nervosa, emendou: "- E eu? E eu, Ana Elisa? Quase morri aqui, esperando você e Maurício!"
Ana Elisa sorriu e apontou para trás da amiga; Leila olhou e viu Maurício, e as duas foram ao encontro dele.
Maurício puxou o assunto: "- Eu ouvi meu nome?" e Leila disse: "- Aleluia! Pensei que vocês não iam mais sair de casa hoje!"; Ana Elisa e Maurício falaram em coro: "- Leila, você não muda!" e os dois riram. Leila, respirou fundo e mostrou o novo celular; Ana Elisa tentou segurar, mas Leila desviou a mão; Maurício riu e tentou pegar; Leila passou de uma mão para outra, enquanto dizia: "- Para, Maurício!'; e Ana Elisa entrou na brincadeira e começou a cercar Leila e tentar pegar o telefone celular... e os três riam e a balbúrdia estava instalada - pequenos gritos (Para! Deixa! Não! Sim!), risos e um tipo de dança engraçada - e no meio, Leila tentava evitar que os amigos pegassem o telefone... de repente os três ouvem uma voz forte: "- Leila, vai acabar quebrando o celular que ganhou ontem! Para com isso, agora!", era o pai de Leila. Os três pararam e ficaram olhando para ele; e a voz forte mandou: "- Chega! Está frio, você está desagasalhada... entra, mais tarde vocês brincam!"
Leila, aliviada, riu dos dois amigos e correu para perto do pai; olhou para Ana Elisa e Maurício, sorriu e balançando a mão com o telefone repetiu: "- Eu tenho, vocês não têm Eu tenho..."; o pai pegou o celular da mão de Leila e disse: "- Deixa isso comigo... você vai acabar quebrando! Vamos logo, entra!"
Leila amarrou a cara, enquanto Ana Elisa e Maurício acenavam e riam.
Gostei das idades das personagens e seus nomes. Cena de infância... saudades, bons tempos, alto astral! Muito bom, professor Plínio! Bacana!
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