Todas as noites de lua
cheia e céu limpo, Gustavo sentava na ponta da janela da sala, com
as pernas para fora, para o quintal, e sonhava em viajar do quintal
de sua casa até a lua.
Noite após noite, o
menino olhava e desenhava a lua; desenhou tantas vezes que acabou se
tornando um “especialista” em desenho-de-lua.
Sozinho, na beira da
janela, ele escrevia com as palavras da boca o roteiro da viagem;
decidia a cor e tamanho do foguete; roupas que usaria durante a
viagem e ao caminhar na lua; o que levaria para lá... Gustavo já
tinha definido e redefinido os planos da viagem muitas e muitas vezes
– e, raramente, mudava algum detalhe: as roupas, o foguete... tudo
se mantinha intacto, mas o que faria na lua, ah.., isso mudava a cada
dia – uns dias iria caminhar, como o primeiro astronauta; noutros
dias decidia que levaria uma bola e algumas madeiras para fazer uma
trave, e jogaria futebol na lua!; e em outros dias resolvia que
levaria um amigo, para conversar durante a viagem e jogar bola, mas,
logo em seguida, des-resolvia e a viagem voltava a ser
só-ele-e-mais-ninguém! E para dar razão à sua des-resolução
dizia, bem baixinho: “- Levo nada! Um astronauta não se faz de um
dia para o outro!”
E assim, sozinho e
ditando os planos da viagem, Gustavo ficava na janela, ajeitando o
corpo daqui e dali, para não cair, até que a mãe, dona Silvia,
dava a ordem para sair da janela, lavar os pés e ir deitar.
Gustavo obedecia, mas
fazia tudo numa vagareza-tão-devagar, que parecia os astronautas no
espaço; pé na cadeira, outro pé na cadeira; pé no chão; outro pé
no chão... e o tempo todo com os olhos na lua cheia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário