sexta-feira, 2 de agosto de 2013

GUSTAVO "LUA".


Todas as noites de lua cheia e céu limpo, Gustavo sentava na ponta da janela da sala, com as pernas para fora, para o quintal, e sonhava em viajar do quintal de sua casa até a lua.
Noite após noite, o menino olhava e desenhava a lua; desenhou tantas vezes que acabou se tornando um “especialista” em desenho-de-lua.
Sozinho, na beira da janela, ele escrevia com as palavras da boca o roteiro da viagem; decidia a cor e tamanho do foguete; roupas que usaria durante a viagem e ao caminhar na lua; o que levaria para lá... Gustavo já tinha definido e redefinido os planos da viagem muitas e muitas vezes – e, raramente, mudava algum detalhe: as roupas, o foguete... tudo se mantinha intacto, mas o que faria na lua, ah.., isso mudava a cada dia – uns dias iria caminhar, como o primeiro astronauta; noutros dias decidia que levaria uma bola e algumas madeiras para fazer uma trave, e jogaria futebol na lua!; e em outros dias resolvia que levaria um amigo, para conversar durante a viagem e jogar bola, mas, logo em seguida, des-resolvia e a viagem voltava a ser só-ele-e-mais-ninguém! E para dar razão à sua des-resolução dizia, bem baixinho: “- Levo nada! Um astronauta não se faz de um dia para o outro!”
E assim, sozinho e ditando os planos da viagem, Gustavo ficava na janela, ajeitando o corpo daqui e dali, para não cair, até que a mãe, dona Silvia, dava a ordem para sair da janela, lavar os pés e ir deitar.
Gustavo obedecia, mas fazia tudo numa vagareza-tão-devagar, que parecia os astronautas no espaço; pé na cadeira, outro pé na cadeira; pé no chão; outro pé no chão... e o tempo todo com os olhos na lua cheia.

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