Cristina e Patrícia saíram juntas para a igreja; o domingo
estava começando. Passaram pela feira e, juntas, riram dos vendedores, que
tentavam vender os morangos, mamões e laranjas – uns tentavam vender com
versos: “Laranja doce e gostosa, leva para casa, senhora!”; outros usavam sons
estranhos: “Psiuuu!” e emendavam: “Olha o mamão papaia!”; e outros simplesmente
gritavam o nome da fruta ou verdura: “Morango!”, “Alface!”...
Patrícia, a mais velha, puxava Cristina pela mão e repetia –
“Venha, logo! Saulo vai chegar cedo na igreja, antes da gente... Vamos!” – a irmã,
rindo e despreocupada franzia a testa e perguntava, a cada vez que a outra falava:
“Pra quê chegar tão cedo lá? Papai, mamãe e tia Nina nem saíram de casa!”
Patrícia puxava a irmã com força, quase a arrastava.
Passando pela barraca das jacas, Cristina esticou a mão para
seu João, dono da barraca, afinal queria alcançar um gomo, que o vendedor
oferecia, mas estava sendo rebocada pela irmã.
E na disputa entre o desejo de Patrícia e o sabor doce da
jaca, Cristina foi sendo esticada, esticada, até que achou que seria dividida
em duas partes – uma presa pela mão da irmã e a outra... ah, e a outra estaria recebendo
o gomo de jaca, da mão de seu João...
A irmã mais velha falava, repetia, ralhava, mas a menor só
pensava em pegar e saborear aquele gomo de jaca. De repente, Cristina se
irritou, deu um puxão na mão da irmã e conseguiu se soltar, e correu até seu
João, pegou o gomo doce, grande e de cor amarelo-desmaiado, e comeu devagar.
Depois disse: “Huuuum, seu João, que jaca boa!”
Do outro lado da rua, parada, braços cruzados, pé direito
batendo no chão, Patrícia chamava a irmã: “Venha, Cristina! Pelo amor de Deus,
venha logo!”
Satisfeita, a menor sorriu e correu até a irmã, pegou em sua
mão e disse de forma tranquila: “Viu? Eu só parei um minutinho para ganhar um
pedaço de jaca... aposto que nem doeu em você!” Patrícia franziu os lábios, não
respondeu, mais aumentou a velocidade dos passos na direção da igreja.
Rapá, a Cristina é bem a minha cara mesmo: decidida! E jamais abriria mão de um prazer, de saborear algo bom por causa de outra pessoa.
ResponderExcluirPatrícia só não vai gostar de ser a mais velha, pois ela é mais nova que eu. Rsrsrsrsrsr.
Valeu a homenagem!
Bjks.
Cris