Certa manhã Leila estava em frente ao espelho, escovando os
cabelos e, entre uma passada e outra da escova, conversava alegremente consigo
mesma: “Bom dia! Paz, saúde e alegria...”. De repente sente que está sendo
observada – olha em torno e vê Laís, sua filha de cinco anos.
Leila puxa a pequena para junto de si e diz: “Filhota,
querida, dormiu bem? Vamos nos preparar para a escola?” Laís sobe num banco ao
lado da mãe e começa a segurar a escova; Leila reluta por três segundos, mas
acaba cedendo à vontade daquela sua pequena rainha. Laís repete, como numa cena
ensaiada, a escovação; lentamente passa a escova do alto da cabeça até os
ombros da mãe. Leila ri do ritual da menina.
Num certo momento, sem nenhum motivo, Laís para de escovar os
cabelos da mãe e fica olhando para seus ombros – olha de frente, entorta a
cabeça para lá e para cá... e Leila, estranhando aquela inspeção silenciosa, pergunta: “Laís, minha filha, está tudo bem?” A menina demora alguns instante,
mas ao invés de responder, pergunta: “Mãe, porque tem cabelos na sua
roupa?”
Leila ri, pois afinal entendeu aquela movimentação incomum,
e respondeu: “Laís, todos os dias caem cabelos da cabeça de todas as pessoas!
Caem, mas nascem de novo!”
A pequena menina olha por mais algum tempo, busca o colo da
mãe e as duas saem do banheiro em direção à cozinha – hora do café.
Na noite seguinte, Laís teve um sonho; sonhou exatamente com
o quê a mãe havia dito a ela – toda noite, ao se deitar, os cabelos de Laís,
como de todas as pessoas, caíam todos. As pessoas dormiam carecas e, quando
acordavam, os cabelos já tinham nascido novamente.
Quando despertou, Laís procurou a mãe, que ainda estava na
cama, e fala ao seu ouvido: “Mãe, os cabelos têm um trabalhão danado todos os dias!”
e riu a solta.
Leila não entendeu aquela história da menina, mas, mesmo assim, respondeu: “Pois é... eles têm mesmo!”, deu de ombros, sentou na cama e pegou a filha no colo.
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