Anselmo viu o sol e sentiu o cheiro de café sendo coado pelos vizinhos; respirou fundo, sorriu de contentamento. Levantou do sofá, desligou a televisão, sem usar o controle remoto.
Foi no banheiro, passou o pente pelos cabelos, olhou no espelho e viu os cabelos brancos e as rugas.
Dirigiu-se para a sala, abriu a porta e 'ganhou' o jardim, com algumas roseiras e 'Fred', o cachorro. Fez uma festinha com o cão e foi para a calçada; caminhou na direção da praça.
O sol da manhã estava agradável; poucas pessoas na rua, a não ser perto da padaria, onde alguns pais com seus filhos e filhas compravam pão, leite e jornais.
Caminhou sem pressa, afinal não tinha nada de urgente para fazer. Aproveitou o sol, o calor e a visão do bairro - as ruas vazias, os carros estacionados junto das calçadas, as árvores (que muitas tinham sido plantadas na sua adolescência) e as casas dos conhecidos.
Numa ou noutra janela ou varanda via os amigos e amigas; cumprimentava, algumas vezes somente com a mão (um aceno) e noutras com um "Bom dia! Como está?"
Chegou na praça e um grupo de meninos e meninas, bem jovens, vestiam camisas coloridas e se organizavam, do jeito deles, para jogar futebol. A bola rolava para lá e para cá nos pés da garotada. O burburinho no grupo era grande; a divisão era feita como há 30, 40 anos... par-ou-ímpar e as escolhas.
Anselmo riu - como algumas coisas mudaram tanto e outras continuam da mesma forma...
No meio da praça, nos bancos de cimento, Anselmo encontrou alguns amigos lendo jornais e discutindo os assuntos do momento: política, violência... Outros conversavam sobre o cotidiano do bairro.
Anselmo sentou sob uma pequena árvore e ficou ouvindo as conversas.
Anselmo sentia uma saudade... e a nostalgia estava no nível máximo naquela manhã.
Lindo!!!
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