Beth é uma mulher branca, de 43 anos, mal vestida e mal-humorada.
Mora sozinha numa casa de poucos cômodos – quarto, banheiro, sala, cozinha e uma pequena área, onde lava e põe para secar as suas roupas e sapatos.Beth é uma mulher de rotinas; todos os dias levante cedo, faz e bebe café, com leite, duas colheres de açúcar e pão com manteiga. Depois liga a televisão, deita no sofá e dorme até meio-dia, quando prepara um macarrão instantâneo para o almoço. Depois do almoço, lava o prato e panelas e vai para o quarto deitar até o final da tarde. Quando a noite está chegando prepara sempre a mesma janta – arroz (novo!), feijão, que tira de uma panela da geladeira e põe para ferver, e um pequeno bife. Dia após dia, Beth nunca muda seus hábitos e cardápio.Dona Silvia, uma idosa que mora na casa vizinha, visita Beth todos os dias. Leva algumas pequenas compras e conversam sobre as notícias do dia – invariavelmente as notícias de violência, que enchem os noticiários das ‘tevês’; mas, as visitas são sempre breves, pois Beth conversa alguns minutos e já começa a sentir vontade de entrar e de ficar sozinha. Dona Silvia sabe disso, e quando nota os primeiros sinais de agitação da vizinha, desconversa, se despede e volta para casa.Beth gosta das visitas da dona Silvia, mas depois de quatro ou cinco minutos de falatório, começa a ficar impaciente e sente uma vontade incontrolável de ficar sozinha.Depois de semanas sem sair de casa, sem ver outra pessoa senão dona Silvia, Beth acordou com uma vontade grande de sair e dar uma volta no quarteirão; queria ver gente, ouvir vozes ‘ao vivo’ – outra voz, além da voz da vizinha -, ver crianças brincando e sentir o ar fresco daquela manhã.
Mudou de roupa, passou a escova nos cabelos e resolveu ir até a quitanda – hoje compraria seus pacotes de macarrão, o arroz e a carne.Antes de sair, deu uma ‘última olhada’ no espelho da sala; achou que poderia estar melhor, mas não podia esperar para chegar na rua. Abriu a porta da cozinha, caminhou pelo corredor estreito até a frente da casa; puxou o portão e saiu. O sol da manhã estava fraco, mas aconchegante. Caminhou devagar para o comércio – andou pelo bairro como alguém que come uma comida gostosa, aproveitando cada passo.Viu alguns vizinhos e os cumprimentou; as crianças passavam por Beth, a caminho da escola, sem conhecer aquela mulher. Beth sorria enquanto caminhava – sentia prazer em estar na rua, mais uma vez.Faltando alguns metros para chegar na quitanda, um carro passou em alta velocidade e quase atropelou Beth, que ficou muito assustada e isso fez com que ela quisesse voltar rapidamente para casa – queria chegar logo em casa, fechar a porta e as janelas, ligar a televisão e cozinhar o macarrão de ‘todos os dias'.Deu meia volta e apressou o passo na direção de casa; andou rapidamente, olhando para o chão, sem encarar as crianças, os vizinhos e o sol da manhã. Beth suava muito, os cabelos foram se desalinhando e a feição de Beth era cada vez mais de desespero. Em poucos minutos passou pela casa de dona Silvia e entrou pelo portão, quase aberto, seguiu pelo corredor, abriu a porta da cozinha e entrou.Durante mais de dez dias dona Silvia não viu ou conseguiu falar com Beth.
Mora sozinha numa casa de poucos cômodos – quarto, banheiro, sala, cozinha e uma pequena área, onde lava e põe para secar as suas roupas e sapatos.Beth é uma mulher de rotinas; todos os dias levante cedo, faz e bebe café, com leite, duas colheres de açúcar e pão com manteiga. Depois liga a televisão, deita no sofá e dorme até meio-dia, quando prepara um macarrão instantâneo para o almoço. Depois do almoço, lava o prato e panelas e vai para o quarto deitar até o final da tarde. Quando a noite está chegando prepara sempre a mesma janta – arroz (novo!), feijão, que tira de uma panela da geladeira e põe para ferver, e um pequeno bife. Dia após dia, Beth nunca muda seus hábitos e cardápio.Dona Silvia, uma idosa que mora na casa vizinha, visita Beth todos os dias. Leva algumas pequenas compras e conversam sobre as notícias do dia – invariavelmente as notícias de violência, que enchem os noticiários das ‘tevês’; mas, as visitas são sempre breves, pois Beth conversa alguns minutos e já começa a sentir vontade de entrar e de ficar sozinha. Dona Silvia sabe disso, e quando nota os primeiros sinais de agitação da vizinha, desconversa, se despede e volta para casa.Beth gosta das visitas da dona Silvia, mas depois de quatro ou cinco minutos de falatório, começa a ficar impaciente e sente uma vontade incontrolável de ficar sozinha.Depois de semanas sem sair de casa, sem ver outra pessoa senão dona Silvia, Beth acordou com uma vontade grande de sair e dar uma volta no quarteirão; queria ver gente, ouvir vozes ‘ao vivo’ – outra voz, além da voz da vizinha -, ver crianças brincando e sentir o ar fresco daquela manhã.
Mudou de roupa, passou a escova nos cabelos e resolveu ir até a quitanda – hoje compraria seus pacotes de macarrão, o arroz e a carne.Antes de sair, deu uma ‘última olhada’ no espelho da sala; achou que poderia estar melhor, mas não podia esperar para chegar na rua. Abriu a porta da cozinha, caminhou pelo corredor estreito até a frente da casa; puxou o portão e saiu. O sol da manhã estava fraco, mas aconchegante. Caminhou devagar para o comércio – andou pelo bairro como alguém que come uma comida gostosa, aproveitando cada passo.Viu alguns vizinhos e os cumprimentou; as crianças passavam por Beth, a caminho da escola, sem conhecer aquela mulher. Beth sorria enquanto caminhava – sentia prazer em estar na rua, mais uma vez.Faltando alguns metros para chegar na quitanda, um carro passou em alta velocidade e quase atropelou Beth, que ficou muito assustada e isso fez com que ela quisesse voltar rapidamente para casa – queria chegar logo em casa, fechar a porta e as janelas, ligar a televisão e cozinhar o macarrão de ‘todos os dias'.Deu meia volta e apressou o passo na direção de casa; andou rapidamente, olhando para o chão, sem encarar as crianças, os vizinhos e o sol da manhã. Beth suava muito, os cabelos foram se desalinhando e a feição de Beth era cada vez mais de desespero. Em poucos minutos passou pela casa de dona Silvia e entrou pelo portão, quase aberto, seguiu pelo corredor, abriu a porta da cozinha e entrou.Durante mais de dez dias dona Silvia não viu ou conseguiu falar com Beth.
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