Passei a maior
parte do dia assim: amuado, desdizendo a sorte e querendo encontrar alguma
coisa, que na verdade nem sei o que é, e mesmo se existe.
Andei pelo quintal, perto da antiga mangueira,
e depois corri para o portão da frente. Olhava para tudo, curioso, mas nada me
chamava a atenção... as coisas que eu via, ouvia e sentia não eram o que eu
procurava.
Minha mãe
chamou várias vezes: para ir ao comércio; para o almoço; para arrumar o
quarto..., mas nada fazia aquela gastura sair do meu peito.
Corri pelo quintal
muitas vezes; passei as mãos pelos muros, portas, janelas... pulei as roseiras
e pés-de-boldo, chutei a bola para lá e para cá..., mas nada me satisfazia.
Parei no
portão gradeado e fiquei olhando para as pessoas e os carros – os rostos, as
roupas, as cores e velocidades; brinquei de “todo carro par que passar é meu!”
e contava: 1, 2, 3, 4... e via os carros passarem e uns-eu-queria-e-outros-não!
Cansei disso
e voltei para dentro de casa, e aquela sensação de ‘querer sem achar’ me
consumia. Liguei a televisão e deitei no sofá, mas nada me distraía o
suficiente, ao ponto de esquecer ‘que algo estava faltando’... Comecei a pensar
em bicicletas, nas pedaladas que são necessárias para avançar longas
distâncias... e logo adormeci.
"A vida já é curta e nós a encurtamos ainda mais desperdiçando o tempo."
ResponderExcluir