“Não Caminhei até aqui para isso!”, gritou Elisabete para Arnaldo.
Arnaldo continua impassível e seu olhar estava totalmente naquele pequeno prédio de três andares – um prédio antigo, pintado de verde musgo, mas com a tinta soltando. O tamanho das varandas denunciava a idade do imóvel (pelo menos uns 45, 50 anos!).
Elisabete desatou a chorar de raiva do marido na porta do prédio. Sua voz saía baixa, mas raivosa: “Que lugar é este? É aqui que você quer criar sua filha? É aqui, neste fim-de-mundo quente e sujo que você quer passar sua vida? ... Eu não acredito!”, berrava. Com as costas das mãos limpava a saliva da boca, que saía a cada grito.
Arnaldo não dizia nada! Nenhuma palavra. Continuava olhando admirado para o prédio. De repente enfiou a mãos no bolso esquerdo da calça, remexeu e retirou do bolso um molho de chaves, umas quatro ou cinco. Sem se dar conta da mulher e da raiva que ela sentia e demonstrava, Arnaldo adentrou o prédio.
Elisabete se calou, mas os gritos se transformaram em choro, um choro copioso, raivoso e triste. Sentou na calçada em frente ao pequeno e desbotado prédio verde musgo.
Arnaldo caminhou decidido até o terceiro andar; no andar, caminhou até a porta do apartamento 302, enfiou as chaves na fechadura e abriu a porta. Olhou para dentro da sala, viu dois corredores e o chão de tacos. Entrou e foi até o meio da sala; sentou no chão e começou a chorar enquanto batia com a mão, que segurava as chaves, no chão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário