Sonia uma mulher de sessenta e cinco anos, caminhava devagar e sem muita vivacidade.
Naquela manhã a pequena e idosa mulher carregava três bolsas nas mãos. Levava arroz, óleo, uns pedaços de carne, meio quilo de batata, pimentões e cebolas. Numa bolsa mais leve levava alface e agrião para a salada.
O sol forte castigava a pequena mulher, mas Sonia passo-a-passo avançava na direção da casa - uma casa de quinze passos de frente, duas janelas e uma porta na fachada e uma pintura antiga e suja.
Com dificuldade e mostrando seu cansaço, a idosa entra pelo pequeno quintal, caminha alguns passos e abre a porta da sala. Dentro da casa, longe do sol, Sonia encontra o neto, Celso, deitado no sofá, desempregado e alcoolizado. A televisão ligada e com som alto denuncia que o rapaz está dormindo. Sonia olha com tristeza para o rapaz e caminha para a cozinha.
Na cozinha prepara o almoço em silêncio, descontente, mas em silêncio.
Quando termina de fazer a comida, Sonia pensa em chamar Celso, mas se assusta ao ouvir a voz rouca do rapaz: "- A comida 'tá' pronta? 'Tô' com fome!"
A pequena e idosa mulher diz que sim, um 'sim' também pequeno e adoentado.
Celso pega um prato, abre cada uma das panelas, enche o prato de arroz, feijão, carne, salada e pergunta: "- Tem refrigerante? Suco?" Sonia responde que não. O rapaz bate com as tampas das panelas e vai para a sala dando garfadas na comida e resmungando.
Sonia, pequena, idosa, triste e cansada senta num pequeno banco na cozinha e abaixa a cabeça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário