Mara sentou na beira do banco.
Olhou em volta; a praça estava quase vazia. O início da noite e a friagem colaboravam para que a praça estivesse assim - quase vazia.
Umas poucas crianças aproveitavam os brinquedos - balanços, escorregas e gangorras - e um ou dois casais aproveitavam a pouca luminosidade para trocarem beijos e carícias mais ousadas.
Mara fechou um pouco mais o casado e procurou pela praça uma figura conhecida. Olhou para um lado e para o outro; muito discretamente olhou para trás. Viu algo que lhe chamou a atenção, por isso virou o corpo para a direita, até ficar na direção de um homem que estava no outro extremo da praça. A noite já avançava e era difícil definir se era Alberto ou não. A altura, o jeito de ficar apoiado na árvore... pareciam, mas ter certeza... não era possível.
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Mara tinha marcado com Alberto um encontro na praça, depois de cinco-e-meia da tarde, para conversarem em 'paz', pois na casa da mãe de Mara era impossível - depois de tantas brigas e desentendimentos, a mãe e os irmãos de Mara não aceitavam mais aquela relação, sequer queriam falar ou ouvir o nome de 'Alberto'.
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Como o homem do outro lado da praça continuava parado e a noite caía rapidamente, Mara resolveu levantar e ir até o homem. Dois meninos brincando passaram por ela, esbarraram levemente e correram pela rua.
Naquele momento a praça estava totalmente vazia e Mara foi se aproximando daquele homem - era estranho pois o homem não esboçava qualquer movimento. Mara deu mais uma meia dúzia de passos e chegou perto o suficiente para perceber que o homem encostado na árvore não era Alberto.
Decepcionada, Mara sorri para o homem, que está a menos de meio metro dela, pede desculpas, explica rapidamente que era um engano... e volta para casa.
Quando entrou em casa Mara encontrou a mãe, que estava pálida; perguntou o que houve. A mãe ficou calada olhando para ela. Mara insistiu e a mãe disse que acabara de receber uma ligação... um homem tinha avisado que Alberto tinha morrido há uma hora atrás, numa avenida movimentada do centro da cidade - "- Dois meninos tentaram roubá-lo, Alberto reagiu, correu atrás dos meninos na rua e um carro atropelou e matou ele!"
Mara sentou no sofá e ficou em silêncio. Logo depois chorou.
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