terça-feira, 27 de setembro de 2011

ALIVIADO.

(a) sempre amou (o).
Um amor de cinema, de filme doce e sem fim. Um amor de conto de fadas, sem a parte ruim. Um amor diferente de todos os outros - um grande e delicioso amor.
Depois de dois anos de namoro, (o) e (a) se casaram.
(o) sempre acordou abraçado em (a); tomavam café juntos; escovavam os dentes e saíam para o trabalho juntos. Durante o dia (a) ligava para (o) e vice-versa; como em muitas conversas de amor, (o) perguntava se estava tudo bem e (a) respondia que sim; (a) dizia uma ou duas palavras de uma poesia e (o) ria; e no 'final' um dos dois dizia a frase que cunha quase todas as ligações: "Desliga você!" e a resposta óbvia: "Não, desliga você!"
E isso durava mais alguns bons pares de dezenas de minutos: "desliga você!", "eu? eu não, desliga você!"... e assim por diante.
Semanas, meses e alguns anos se passaram assim, com muito amor e ligações açucaradas.
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Depois de seis anos de uma relação tranquila e amorosa, numa tarde (o) olha de relance (d), uma bela mulher, entre dois andares de um shopping center. 
(o) fica confuso, mas curioso, olha para trás e vê (d) olhando e sorrindo.
(o) e (d) circulam o primeiro andar do shopping e acabam se sentando em uma pequena (e escondida) mesa de um café. Conversam sobre coisas amenas, o dia quente, o que vieram fazer no shopping, a quantidade de pessoas... até que (d), de uma forma objetiva e direta, pergunta: "Mas, e nós dois?"
(o) atônito sorri, daquele jeito que pensa: "E agora, moleque?", e diz: "Vamos trocar telefones?" 
(d) mostra descontentamento, mas troca número de telefone com (o), levanta, sorri e vai embora.
Depois de duas semanas nem um só telefonema foi trocado - (o) e (d) não ligaram.
(o) ficou aliviado.

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