sábado, 24 de setembro de 2011

SEM TER O QUE DIZER.

Pablo não quis ouvir Antonio; não quis sequer mais olhar em seus olhos. Pegou toda a força que possuía e falou, muito e sem parar. Disse coisas com sentido, sem sentido, comuns, incomuns e até excessivas... e falou demais. Uma de suas últimas frases foi: "- E ficamos por aqui!" Virou-se para a porta e sumiu. A luz que vinha de fora cegou Antonio por alguns segundos.
Antonio estava atônito quando o telefone tocou, era Pablo. Antonio ficou em dúvida se atendia ou não, afinal nem tinha entendido tudo aquilo. Resolveu atender: "- Alô?"
A voz de Pablo foi dura: "- Eu nunca mais vou passar por isso, nunca mais!"
Antonio nem sabia porque tudo aquilo tinha acontecido - a discussão, o olhar frio e raivoso, ir embora... - mas, tentou remediar: "- O que houve, Pablo? Eu não estou entendendo nada!"
A voz dura e ritmada do outro lado explicou com poucas palavras: "- Eu não sou bobo! Eu sei que você não estava em padaria coisa nenhuma a 1h da manhã... eu sei onde você seus amigos estavam... mas isso agora não importa mais...!"
Antonio queria explicar, acabar com aquele mal entendido, mas sentiu um inexplicável cansaço, desânimo... e resolveu não explicar nada. Pablo pensava que ele o traíra... tudo bem, que fosse em frente, que tomasse as decisões que quisesse... Ouviu todas as ofensas e devaneios em silêncio.
Pablo não se conformava em não ser respondido e em brigar sozinho e jogou a última cartada: "- Safado! Mentiroso!"
Antonio reuniu as forças e respondeu: "- Quando uma pessoa desconfia da outra, sem motivo, não há o que fazer, pois quem procura a mentira não consegue ver a verdade... eu desisto!" e desligou.
O telefone tocou mais de cinco vezes naquela noite, mas Antonio não atendeu. Não tinha mais o que dizer. Não sentia mais nada.

Um comentário:

  1. “...quem procura a mentira não consegue ver a verdade...”
    E assim os relacionamentos se acabam...

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