terça-feira, 23 de agosto de 2011

UMA RODA DE AMIGOS E CARINHOS.

Eu sentei naquela mesa, final de tarde, num bar grande.
Eram sete pessoas.
Uns bebiam chopp, outros refrigerante e dois saboreavam café, forte e quente.
A conversa 'fiada', sem início-meio-e-fim, corria de boca em boca; sorrisos cortavam as falas - eram falas truncadas - e todos riam em certos momentos. Um olhar e outro se cruzavam, rapidamente e em segredo, denunciando, aos mais atentos, um interesse mais do que secreto ou mal-escondido. De vez em quando, as conversas eram paralelas, e alguns faziam silêncio, ouvindo os outros ou, simplesmente, pensando longe (muito longe) dali e de todas aquelas conversas, com-e-sem-interesses-e-até-sem-sentido.
De repente, uma mão passou e acariciou minha perna esquerda; tomei um susto, mas não demonstrei. Logo me recompus - sorri sem sobressalto, pois era o que eu queria (pelo menos desejava): um carinho mais 'íntimo'. Corri os olhos pela mesa e tentei mostrar uma tranquilidade, que na verdade não estava sentindo - queria retribuir a intimidade, mas não podia ser 'de estalo', imediatamente... tinha que ser mais discreto, o mais discreto possível.
As falas e risos altos mantinham a roda de amigos. Mais um chopp, mais um refrigerante e muitos, muitos risos e olhares.
De repente senti um pé (com meia) tocar minha perna - era um segundo carinho 'roubado' e inesperado - e de uma pessoa diferente. Mais uma vez fiz cara de 'nada está acontecendo' e mantive a calma. Identifiquei o 'pé', sorri, sem alterar os movimentos, as palavras e o sorriso. Agradeci com os olhos.
A mão, logo, voltou a tocar minha perna, dessa vez com mais 'ênfase', mais carinhosa e acompanhada de um olhar e um sorriso largo e sincero e boas palavras.
Não consegui manter toda a calma, e abracei quem me acariciava - foi uma 'chave', que abriu muitas portas. Os carinhos não eram mais 'roubados' ou 'furtuitos', mas consentidos e esperados, com certa impaciência, devo admitir.
E assim ficamos, de conversa fiada, carinhos, sorrisos e paqueras até tarde da noite, no meio de toda aquela conversa.

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