sexta-feira, 22 de julho de 2011

O BEIJO NA NOITE DE VERÃO.

Léa guardou o pequeno santo, de madeira, dentro da igreja de barro. Rezou por alguns minutos, mas por muitos motivos. Chorou, mas manteve a postura, estava na igreja matriz, e não queria que a sua tristeza fosse 'descoberta' pelas amigas, que frequentavam a igreja naquela hora.
Olhou para os lados e para uma amiga confessou, timidamente, que estava resfriada, por isso o nariz entupido e os olhos vermelhos. A amiga, muto cordial, começou a explicar um chá infalível, mas Léa mantinha os olhos no pequeno santo, agora em parte escondido pela igreja, e pensava o tempo todo em como e quando tudo aquilo iria acabar. A amiga sacudiu o braço de Léa, que se voltou e sorriu; a amiga continuou a explicar e ensinar mais uma receita...
Léa sorriu e abanou a cabeça, levantou e saiu da nave da igreja. A amiga ficou olhando, não tinha nem terminado a receita... 'como ela estava estranha', pensou a amiga.
Léa ganhou a rua, virou para a esquerda, na direção da praça, e caminhou de cabeça baixa e uma vontade de chorar. Logo que se afastou da igreja, Léa, resolveu tirar o véu, deixou o sol e o calor tocar seu rosto e cabelos. Sentiu um calor bom e confortante. Aumentou as passadas - por um instante teve vontade de correr, como fazia na adolescência, mas logo compreendeu que o melhor seria apenas andar mais rápido, o mais rápido que conseguisse, pois isso seria a sua corrida, a forma de responder aos últimos acontecimentos: iria correr da melhor forma e como pudesse para longe dos problemas... E assim fez, até alcançar a praça.
Na praça sentou num banco e ficou olhando o movimento das crianças, os balanços ('que vontade de me balançar', pensou) e a antiga árvore. Lembou da primeira vez que beijou Pablo, sob aquela antiga árvore, num ínício de noite de verão... que bom ter saído da igreja e ter 'corrido' para a praça.

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