Celina chegou tarde. Olhou o relógio na porta de casa, já passava de onze e meia da noite. Meu Deus! Entrar, organizar as coisas para o dia seguinte, tomar um banho (frio, morno ou quente?), comer alguma coisa e deitar. Meu Deus... mais uma vez!
Abriu a porta e viu embaixo da porta um envelope, amarelo claro. Pegou, fechou a porta e colocou as bolsas sobre a mesa da sala. Abriu o envelope e tinha somente uma foto. Tirou a foto do envelope e ficou olhando por uns cinco ou dez minutos, um bom tempo.
Começou a chorar. Um choro baixo, mas com fartas lágrimas. Foi para o banheiro, acendeu a luz e olhou no espelho; colocou a foto ao seu lado e olhou mais uma vez para o espelho. Chorou ainda mais. Passou a palma da mão pelo rosto vermelho e as únicas palavras que sairam de sua boca foram: "Meu Deus, por que isso agora?"
Apagou a luz do banheiro e voltou para a sala, sentou no sofá e ligou a televisão - não queria ver televisão, queria um barulho qualquer na sala, na casa.
Sentada, sozinha e triste, Celina amassou a foto contra o peito e um choro ainda mais forte tomou conta daquela mulher de uns trinta e poucos anos. Abaixou a cabeça e deixou a foto cair entre os pés. As lágrimas caíam sobre a foto e pelos tacos, formando uma pequena poça.
Depois de meia hora, Celina parou de chorar. O rosto estava transtornado, vermelho, molhado e triste. Levantou, tirou a roupa, ficou só de calcinha e sutiã. Desligou a televisão, apagou a luz da sala e foi para o quarto. No escuro mesmo deitou. Em menos de um minuto foi possível ouvir os sapatos caírem no chão e o som de papel sendo rasgado.
E o silêncio tomou conta do quarto, da sala, da casa... de Celina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário