quinta-feira, 12 de setembro de 2013

QUADRO, QUEDAS E RISOS.

Zezé olhava para aquele quadro antigo na parede rosa da sala. Tinha dúvidas se era uma pintura ou uma foto – deveria ser uma pintura, pois desde criança via aquele quadro no mesmo lugar, e já contava com duas décadas-e-pouco de vida. O quadro retratava uma pequena casa, na margem de um rio, a noite, com uma lua linda... era uma imagem escura, bonita, misteriosa...

Em alguns momentos, enquanto assistia à televisão, Zezé perdia a noção de tempo e espaço e passava alguns minutos levantando hipóteses e perguntas sobre aquela pequena casa, a mata em torno e aquela “sempre” noite: Quem moraria ali? Teria alguma cidade próxima, ou era uma casa isolada? Era uma casa de fazenda? E, sem perceber, respondia a tudo: Não! Era uma casa de beira de estrada, no mato, com moradores sem filhos e que viviam de pequenas culturas e pesca, afinal aquele rio não era poluído...

De repente um barulho forte de objeto caindo trouxe Zezé de volta à sala – o quando antigo, escuro, misterioso e pesado tinha despencado e agora estava no chão, atrás da televisão, com um dos cantos da moldura (dourada) quebrado; Zezé riu, por causa do susto e imaginou aquela água do rio correndo pelo chão da sala, molhando os tacos, entrando pelos quartos e cozinha... riu mais alto e nervoso, afinal seria um desespero escoar toda a água, terra, plantas aquáticas e peixes de um rio-tão-antigo de dentro de casa...


Levantou, pegou o quadro, pesado, e o colocou apoiado na televisão e na parede; ajeitou o canto quebrado, e voltou a sorrir, pensando: Ainda bem que a água não correu pela casa! Desligou a televisão e foi para a cozinha... beber um copo de água.

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