Dico caminhava pela rua, cabeça baixa, chutando tampinhas plásticas de garrafas de refrigerantes e, de vez em quando, olhava para a frente e para os lados, buscando nas casas, árvores, carros e pessoas alguma coisa; uma "coisa" que nem ele mesmo sabia explicar ou definir... uma coisa que ao ser vista por ele seria imediatamente identificada... mas, olhava para lá e para cá e nada de encontrar o que procurava.
Seu rosto era de poucos sorrisos e um olhar distante e cansado.
Andava devagar, sem parar, mas "arrastava toneladas" de pensamentos, dores e dúvidas.
Virou a primeira rua à direita; era uma rua de subida... subiu, e ainda chutava uma pedra, folha ou tampinha que aparecesse pela frente... algumas vezes chutava o pequeno objeto por vários metros, até que ele entrasse, sem querer, em um bueiro ou se perdesse pelas calçadas.
Cansado, Dico parou em frente a uma pequena casa - antiga, azul com partes "descascando", uma simetria de cinquenta, sessenta anos atrás (uma porta no meio e uma janela de cada lado e um pequeno jardim na frente) - e ficou sob o sol, brincando com uma pequena chave. Não procurava mais; não carregava mais as "toneladas", apenas estava sentando na calçada e brincava com uma chave - seria uma pessoa comum, se não fosse tão incomum ver um adulto sentado em uma calçada, distraído com uma chave, no meio do dia.
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