Juliano saiu com o pai para um passeio e compras no Centro
da cidade.
Era cedo e tinham poucas pessoas e carros pelas ruas; as
lojas estavam abrindo e os vendedores e gerentes ainda estavam com ‘cara de sono’
e movimentos lentos.
Juliano olhava para tudo e perguntava, sem parar, se iriam
entrar ‘naquela’ loja e o pai respondia: “Nessa, não!”, mas o menino insistia: “Então
é nessa?”,
apontando outra loja recém aberta e com duas vendedoras na porta; a resposta do
pai era a mesma: “Não! Espera, Ju!”
O menino caminhava como uma multidão-curiosa – olhava tudo e
todos. O pai continuava puxando o pequeno pela mão e respondendo
monossilabicamente cada pergunta: “Não!”, “Agora, não!” e “Ainda não!”
De repente o pai sentiu um pequeno puxão e viu que Juliano
tinha abaixado para pegar uma moeda de cinco centavos. O pai esperou; o menino
pegou olhou a moeda e depois, sorrindo disse: “Achei dinheiro.” O pai balançou
a cabeça afirmativamente e puxou o menino.
Pai e filho andaram mais algumas quadras. O menino já tinha
catado uma bala e um brinco, mas o pai jogou os dois objetos fora, reclamando
que Juliano ‘catava todas as porcarias que via’. O menino não entendia – se o
pai achasse balas gostosas e ‘joias’ também não pegaria?
O pai apertou a mão do menino, e os dois pararam em frente a
uma loja. Juliano olhou para a ‘loja’, na verdade para as portas onduladas,
verdes e fechadas. O pai, com raiva indisfarçada, leu para o menino o bilhete
numa das portas: ‘Não abriremos hoje. Motivo: descanso coletivo.’
Dessa vez foi o menino que se dirigiu ao pai: “Não, ‘né’ pai?”
“Vamos embora, Juliano!”
A porta que lhe é fechada pode ser a oportunidade de enxergar uma outra aberta ao seu lado: o foco se abre e com ele as possibilidades.
ResponderExcluirDavi Marcelo Galdino