Naquela rua de terra, com cercas de mourão e arame-liso e
muitas árvores, estava aquela casa comum.
A casa era toda branca, mal pintada, uma porta antiga e duas
janelas na frente; nos fundos uma porta, que dá para o tanque de lavar roupas e
um pequeno varal. No terreno um pequeno roseiral, mal cuidado, uma bica com
mangueira e dois baldes de tinta largados.
Um cão branco, magro e sujo ronda a casa, em turnos que
duram alguns minutos; depois de dar uma volta nela, o cão senta próximo à
porta da frente, olha fixamente para a estrada empoeirada, deita, encosta a
cabeça nas patas dianteiras e continua olhando para o mesmo lado da rua. Não
late, não rosna, não abana o rabo... somente olha, como se esperasse alguém.
O varal vazio serve de apoio para alguns pássaros, de poucas
cores. As aves pousam no arame do varal, espiam, se jogam no vazio do ar
quente e voltam a voar. Alguns para o telhado, outros para o chão, mas a
maioria para árvores longes.
O vento rodopia pela rua e levanta uma poeira em frente da porta
da casa. O cão se assusta, levanta e vai para a parte de trás da casa; os
pássaros voam para as árvores... e o vento some.
Uma das janelas da
frente da casa abre e aparece a imagem de uma mulher, magra, idosa e com
cabelos grisalhos. Ela olha para a rua vazia; encosta os braços no batente,
repousa sua idade nele... olha para lá e para cá, para o cão e para os
pássaros. Ela deixa a janela; a porta se abre, ela sai, pega os dois baldes e os coloca
perto do tanque de lavar roupas. Sobe mais a madeira do varal de arame – talvez
para ajudar o pouso e repouso dos pássaros, e volta para dentro da casa pela
porta dos fundos.
A tarde começa a cair e o cão late, pedindo
comida.
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