Nunca fomos até o fim de nossas conversas, algumas vezes porque
sabíamos “o resultado”, o “ponto final” de nossas (amistosas) discussões;
sabíamos que cada palavra, com suas mal-escondidas intenções, nos levaria até
um ponto de decisões e isso, definitivamente, não nos interessava naqueles
momentos.
Mas, naquela noite, sentados frente a frente, sob a luz de algumas
velas, percebemos que era o momento-certo e resolvemos (sem dizer que essa era
a nossa intenção) ir-até-o-final-de-todas-as-conversas-incompletas!
E as palavras de um puxava, exigia respostas e perguntas do outro; e
assim conversamos por horas, sem alteração de voz, sem rancores, sem lágrimas
ou sequer baixar a cabeça, mesmo ante uma ou outra decepção, que era sentida, a cada detalhe de antigas histórias.
Algumas palavras foram mais duras, devido à força das verdades que
apresentavam e/ou desvelavam; porém a conversa foi, curiosamente,
tranquila e serviu para arrumar os sentimentos e organizar os planos do futuro.
Quando o silêncio falou mais alto que as palavras e ocupou todos os momentos
da conversa, terminamos, mantendo o silêncio. Cada um se levantou e caminhou
para um canto do apartamento. Sentamos perto de janelas e ficamos algum tempo,
talvez muito tempo, olhando para a rua, para o céu e para as outras janelas dos
prédios em frente... cada um pensando sobre o que disse e, talvez, muito mais
sobre o que ouviu.
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