terça-feira, 1 de novembro de 2011

VOO SOLO.

Carla viajou para muito longe. Foram horas em salas e quartos escuros; voou sobre mares, desertos e cidades, até ter que pousar, por 'decreto' de uma campainha. Olhou para a porta, viu que tinha um par de pés por fora da porta, esperando que alguém os atendesse. Não quis atender. Ao contrário, devagar e sem fazer barulho, caminhou, passo a passo, para um cômodo mais distante da porta e da campainha. Sentou em um outro canto da casa e voltou a voar... mais desertos, mares, escuridão... e nada de pousar.
Olhou para a janela e, pelas frestas, conseguiu ver que já tinha anoitecido. Não sabia as horas, não queria saber das horas, só queria continuar seu voo-solo; voos rasantes, altos, muito altos... 
Ouviu passos em volta da casa, também no quintal tinha tantos cacarecos espalhados.. os passos rondaram a casa, a campainha voltou a tocar... Carla ficou calada, sem se mover. Quem estava lá fora forçou a porta... uma, duas vezes... e desistiu.
Já devia ser tarde, pois Carla não ouvia nenhum barulho na rua.
O voo continuava. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário