Naquela noite ela nem pensou direito como tudo ficaria - partiu para cima de todos. Arremessou copos, pratos, talheres e palavrões... tudo ao mesmo tempo e com tamanha determinação, que causou espanto até nos homens mais fortes da sala. Um grupo pequeno tentou segurar as mãos e deter aquela mulher, mas o ódio e a certeza de que estava fazendo o correto, davam-lhe força suficiente para prosseguir no ataque àqueles que tornaram sua vida um labirinto sem saída, uma sala sem janelas e sem ar... àqueles que mataram suas esperanças de felicidade.
Atacou com violência.
Machucaram ela com socos, mas, enquanto teve forças, manteve o ataque.
Aos poucos toda a raiva e ânimo foram se tornando choro e fraqueza. Em poucos instantes caiu no chão, fraca, sem motivos para tudo-e-qualquer-coisa e chorou; chorou como se tivesse nascido apenas para chorar; chorou por toda a dor que sentia - uma dor imensa e interminável - e pelas dores que ainda sentiria.
No chão, rendida e dominada por sua dor e choro, ela foi contida por três homens, que a levaram para fora da sala e, covardemente, bateram ainda mais; bateram para mostrar força.
Ela foi jogada para fora da casa, machucada e desnorteada.
Ficou sentada na calçada, sob os olhares dos transeuntes; sangrava na boca e na alto da cabeça, mas nada importava.
Queria ter forças para poder voltar e recomeçar, mas não conseguia sequer ficar de pé. Vencida, chorou até adormecer.
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