segunda-feira, 5 de setembro de 2011

VOLTAREMOS A ABRIR AMANHÃ.

Saí de casa cedo.
Caminhei pela mesma rua - uma rua de paralelepípedos e de descida - e fiz isso devagar, com cuidado, para não cair, pois tinha chovido a noite toda.
O ar frio e úmido me acompanhou até a parada de ônibus.
O ônibus demorou mais do que o normal - atrasou - e eu me protegi do frio como pude. Mas, logo após meu manifesto de desagrado, vi os faróis do coletivo. Em um ou dois minutos eu estava dentro do ônibus, mas por causa da demora, o ônibus estava cheio e eu tive que viajar de pé.
Pensei: "Que droga! Já vi que hoje é um 'daqueles' dias... um daqueles péssimos dias!"
E foi como eu profetizei: o ônibus freou demais; balançou demais; mais gente entrou; ninguém saía; as janelas fechadas me sufocavam... enfim, um 'ônibus daqueles, num dia daqueles...', mas mesmo todo sofrimento tem um fim e em menos de quarenta minutos eu estava na porta do trabalho.
Pedi a Deus para que o 'mau dia' acabasse ali, naquele portão verde. Que nada! O porteiro ainda não tinha chegado e tive que esperar na rua, em frente ao grande e 'monumental' portão verde da fábrica. Olhei para o chão, procurando ânimo... um carro passou 'a toda' e jogou em mim um (ou dois) baldes de água de uma poça imunda, que tinha se acumulado durante a longa noite de chuvas.
"Pronto!", gritei. "Agora só falta cair um avião na minha cabeça!" - rapidamente olhei para o céu... era melhor prevenir do que remediar num dia como aquele. "Mas, se um avião caísse agora... o que adiantaria ver e correr? Nada!".
O telefone toca. Atendo, é o meu chefe avisando que o dono da fábrica, seu José Itamar, tinha falecido e que era para avisar ao porteiro para colocar um aviso no portão e dispensar as pessoas.
Escrevi o aviso: "FECHADO POR MOTIVO DE FALECIMENTO. VOLTAREMOS A ABRIR AMANHÃ." e sem ter outra alternativa voltei para casa.

Um comentário:

  1. "A ironia ou leveza do cotidiano são tesouros descobertos somente por escritores atentos".

    Arlene

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