Todas as ruas me parecem tão iguais.
Todas as ruas me levarão até você, basta que eu deseje.
Todas as ruas estão tão tristes, com suas casas com portas e janelas fechadas, as pinturas antigas e os jardins ressecados... tudo tão sem propósito, mas ao mesmo tempo essas (tristes) ruas são os 'portais' que podem me levar de onde estou - só - até você... só elas poderão fazer isso... basta que eu queira... e isso faz das tristes ruas os melhores lugares do mundo, de toda a existência do mundo.
Todas as pessoas me parecem tão iguais.
Todas as pessoas me lembrarão você, basta que eu deseje ver em cada uma delas um traço seu - uma virtude, um vício, um defeito... - todas as pessoas cabem em você e, por isso, você cabe em todas as pessoas, apesar de você ser tão única.
Todas as palavras me parecem tão iguais.
Todas as palavras me lembrarão você, basta que eu deseje pronunciá-las de acordo com você. Eu seria capaz de conjugar cada um dos verbos de nossa língua, tão iguais e sem sentido em certas ocasiões, como se fossem exaltações e louvores a você, se eu desejasse.
Todas as ruas me parecem tão iguais, como são as pessoas e as palavras, mas elas mudam, ganham vivacidade quando a associação é com você, com sua graça comum e única e sua ausência, que consome meus dias e vontades... e por isso todas elas - ruas, pessoas e palavras - sem você, são tão iguais...
Nenhum comentário:
Postar um comentário