terça-feira, 8 de março de 2011

LIVRE - DIA DA MULHER

Sandra venceu!

Casou há oito anos com o 'amor de sua vida'; uma festa grande, com muitas pessoas, bolo, doces e bebidas. O casal e convidados bem vestido, alegres e horas de danças e fotos. Não havia uma só pessoa que não comentasse a festa.

Sandra e Fabio estavam felizes, completos e com muitos planos para o futuro - a casa nova, filhos e muita felicidade.

Depois de um ano de casamento Sandra notou que os atrasos de Fabio eram cada vez mais constantes. A conversa do jantar (para comentar sobre o dia) foi adiada para a hora de deitar e em pouco tempo as poucas conversas ficavam para o dia seguinte, ou quando o assunto fosse inadiável.

Fabio cada vez mais arredio e impaciente, tratava a esposa com breves beijos e cumprimentos 'rotineiros' e 'obrigatórios'.

Um dia na volta de uma festa de família a situação ficou fora de controle - Fabio, sóbrio, se negou a atender ao pedido da esposa, que queria parar no supermercado para fazer pequenas compras. E a agressão que começou com as palavras, chegou às pancadas, que marcaram Sandra no rosto e na perna.

Sandra chorou; chorou por muitos motivos: pelo amor, que cada dia era menor; pela cumplicidade, que já não existia; pelo desejo, que se resumiu a rápidos beijos e relações sexuais esporádicas; pelo descumprimento das promessas que fizeram um ao outro... por muitos motivos...

Mas, o que mais incomodava era o sentimento de culpa; ela tinha uma suspeita de que as mudanças no comportamento de Fabio eram culpa dela - com certeza e sem saber ela tinha feito alguma coisa que provocara o marido e causara essas horríveis mudanças... não sabia o que poderia ser, mas só poderia ser isso...

Três dias após a agressão no carro, foi mais uma vez agredida, agora com pancadas que marcaram quase todo o corpo de Sandra, que inutilmente tentou apenas se proteger.

E Sandra chorou mais... estava confusa e não sabia mais o que fazer. No mesmo dia o marido pediu desculpas e atribui o comportamento violento a problemas no trabalho, às dificuldades cotidianas... Sandra foi para um canto da casa e chorou - sabia que algo estava muito errado.

Pensou em procurar a delegacia, dar parte do marido e se separar... mas, a vergonha e a sensação de perdas eram muito grandes. Além disso, dependia financeiramente do marido.

Não demorou mais do que uma semana e Sandra foi surpreendida por uma reação muito mais violenta do marido - a partir de uma discussão banal, ele começou a espancá-la, como se estivesse brigando com um outro homem.

Sandra acordou no hospital e descobriu que o marido bateu nela com raiva e força e que foi salva por vizinhos, que conseguiram conter o agressor e levá-la para o hospital mais próximo.

Alguns meses depois Sandra sai do fórum satisfeita - o agressor foi condenado e ela estava livre para retomar sua vida.

Um comentário:

  1. Essa história acontece muito em nosso país, infelizmente. Aqui a Sandra saiu com vida, mas quantas Sandras saem paraplégicas, sem condições de voltar ao trabalho por ficarem com sequelas tamanhas que têm de ter cuidados especiais pelo resto da vida ou até sem a vida?
    Plínio, excelente texto para o dia da mulher. Antes de flores e chocolates, o respeito à vida.
    Parabéns...

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