Elis acordou frenética naquele sábado.
Ligou a televisão rápido e começou a preparar o café. Enquanto pegava o leite e o pão, ouvia as notícias da 'tv'. Um crime contra a criança, os trios (elétricos) de Recife e Salvador... e a concentração do 'bola preta' no centro da cidade.
Elis largou tudo na cozinha e correu para olhar a 'tv' e ouvir as primeiras notícias do sábado de carnaval, na verdade as primeiras notícias do 'bola preta'. Ouviu atentamente e viu as imagens (nossa! que multidão era aquela às 9h na Rio Branco?).
Elis não teve dúvida, correu para a cozinha, pegou o leite morno e colocou duas colheres de café solúvel e uma de açúcar, pegou um pãozinho e alguns biscoitos doces e fez seu lanche da manhã. Terminou o mais rápido que pôde e pegou o mini-vestido vermelho, uma fita para o cabelo e a piteira (com um cigarro de mentirinha). Entrou no banho e em menos de vinte e cinco minutos, Elis, estava pronta para ir ao encontro do 'bola preta' e do seu destino.
Esperava pelo sábado de carnaval e o 'bola preta' há um ano... há um ano tinha se divertido com as amigas na Cinelândia, quando viu aquele jovem rapaz, fantasiado de guarda municipal (uma roupa azul escura, coturnos, um boné e um cassetete), que lhe sorriu tão lindamente... e no meio daquela algazarra os dois prometeram se (re)encontrar no 'próximo sábado de carnaval na porta do municipal'.
Quando se deu conta, Elis estava caminhando para a Cinelândia, a passos rápidos, e olhando para todas as pessoas que passavam (procurando um guarda municipal)... "mas, se ele estivesse fantasiado de homem das cavernas ou bate-bola?", pensou Elis... era preciso aguçar o olhar, olhar mais e melhor... pois não poderia perder essa oportunidade.
Chegou na Cinelândia e invadiu a massa humana, que sempre se aglomera em torno do 'bola preta'. Encontrou uns amigos e amigas, sorriu, brincou... mas, tudo o que mais queria era encontrar aqueles olhos e sorriso lindos... olhava para um lado e para o outro... mas, não encontrou olhos, sorrisos ou roupas azuis... era muita gente...
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