segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

VOLTANDO DEPOIS DE MUITOS ANOS.

A rua estava vazia.
Beatriz andou por uns quinze minutos, seguindo a rua; olhava para as casas, cada janela e porta; um ou outro quintal, com algumas bicicletas. Andou de-sombra-em-sombra, buscando fugir do sol e do calor. E a cada passo, cada olhar, lembrava daquela rua, daquela cidade e de algumas pessoas.
E em quinze minutos a cidade tinha começado e acabado.
No final da rua um pequeno comércio, meio padaria com quitanda que vende de tudo um pouco. O dono era seu Waldomiro, um húngaro sorridente, que anotava as compras em pequenas cadernetas. Como era uma hora da tarde a quitanda-padaria do seu Waldomiro estava fechada (em cidades pequenas as lojas fecham para o 'almoço' e descanso da tarde).
Agora ao lado da loja do seu Waldomiro tinha uma oficina de bicicletas, que também estava fechada.
O calor estava muito forte, o que colaborava para que a rua-cidade estivesse vazia e em silêncio; não se via ou ouvia as crianças e adolescentes - elas deveriam estar nas escolas do município vizinho e só voltariam no final da tarde.
Beatriz voltou pela rua e parou em frente àquela casa branca, com uma porta e uma janela vermelha. Teve dúvida se chamava ou não... mas, entre o sim e o não, chamou. Nenhum movimento na porta ou na janela. Chamou mais uma vez, até que um homem muito velho surgiu na porta. O homem olhou para ela com atenção e após um minuto sorriu, demonstrando que reconhecia Beatriz. Caminhou até o portão e disse: Bia, minha bisneta, quanto tempo... entre!   

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