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Um grupo das elites deve estar sorrindo de "orelha a orelha" com o calendário de 2010.
Digo "elite" pois os menos desfavorecidos da nossa população - ou os que "não-tem", ou melhor, os que estão "impossibilitados de ter" - não conseguem expor, principalmente em horário nobre, suas angústias e desesperos-pessoais... estão, muito e cada vez mais, expostos ao ideário das elites, que aprisiona, diminui e torna dependentes todos e todas que assistem e têm acesso às mídias no/do Brasil.
Ano novo, primeiros feriados nas duas principais capitais brasileiras (Rio e São Paulo), carnaval, copa do mundo e eleições para Presidente, governador e deputados... é, o ano já foi "pro saco", como diriam os mais pessimistas... mas, mesmo não sendo pessimistas temos que admitir: é um ano tipicamente por-acontecer, enquanto ano para a produtividade. E não digo produtividade em termos de bens materiais, mas um ano-por-acontecer na educação das crianças, jovens, adultos e idosos do nosso país; um ano-por-acontecer numa perspectiva de cidadania - não essa 'cidadania' do papel, da mídia (com suas ações comunitárias), não essa cidadania inventada para todos e todas, onde 20% da população detém o controle de 85% dos bens (dinheiro, terras, viagens...) - os ricos, e outros 20% da população que consome 80% das bebidas alcóolidas produzidas no país - os miseráveis, que ante ao desespero da falta de comida, roupas ou de uma educação que o habilite ao emprego, bebe e se afunda no alcoolismo.
E ao ingressar numa das viagens mais tenebrosas da vida cotidiana brasileira (e autorizadas pelos governos, insuflados pelas indústrias - que bancam campanhas eleitorais) - o alcoolismo - essas 'multidões' procuram o mercado hiper-informal, como a venda ambulante, camelô, transporte ilegal, tráfico de drogas e tantas outras práticas, e ao ganharem seu dinheiro, suado e triste, ainda consomem, mantendo o mercado funcionando - mercado esse que não considera sequer a possbilidade de trabalhar seriamente para o ingresso dessas pessoas em condições para esses e essas que não-tem, que não podem ter. E ao funcionar o mercado... as empresas enriquecem, e cada vez mais os ricos ficam mais ricos e os pobres ficam mais pobres. É um grande mecanismo de manutenção, de status quo.
E as elites, que desejam vender direitos de transmissão de jogos, cervejas, cursos de inglês e espanhol e o sonho da educação superior para todos, por exemplo, continuam ensinando aos que não possuem 'o que' e 'como é' ser um 'cidadão' brasileiro.
Como disse uma personagem numa peça de teatro amador: eu queria ser pobre de novela de manoel carlos... e esse é o sonho de todos e todas - 15 minutos de fama, ter e ser alguém... mas para ser alguém é preciso seguir as regras das elites - trabalhar, consumir e assistir 'reality shows`... e como dirias os apresentadores de tais programas: vamos dar espiadinha?
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