sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ENCONTRO.

Elias sentou na beira do banco, na praça da igreja; ficou lá, calado, parado e olhando para o movimento: donas-de-casa conversando sobre as compras, uma cuidadora empurrando uma cadeira de rodas com um idoso, duas mulheres com seus bebês, homens jogando "buraco" numa mesa, algumas crianças correndo e brincando e um cachorro (sem dono!), que rodeava a mesa de jogo. De vez em quando um dos homens, espantava o cão (Sai! Chispa daqui!)... e no meio de tantos movimentos, Elias pensava longamente, com os olhos em tudo, a cabeça em lugar algum.
E o tempo foi passando e se consumindo, como um pedaço de papel que queima...
Elias olhava para as pessoas, o cão, as árvores; prestava atenção nos carros que passavam (lá longe!) do outro lado da praça, quando, de repente, uma bola vermelha e amarela bateu em seu pé e, ao encalço do brinquedo, veio uma menina; o rapaz pegou a bola, com cuidado, sorriu e entregou para a menina; ela pegou a bola, mas não saiu da frente de Elias, ao contrário, começou a conversar:
"- Oi? O quê você está fazendo?"
"- Nada, estou só olhando a praça."
"- Você parece triste. Você está triste?"
"- Não, eu já disse: eu estou só olhando a praça!"
"- Qual o seu nome?"
"- Elias. E o seu?"
"- Fernanda, mas todo mundo me chama de Nanda."
"- E você, Nanda, o quê está fazendo?"
"- Jogando bola com meu irmão... aquele ali!", a menina aponta para um menino, que espera (impaciente) pelo recomeço da brincadeira...
"- Legal!", fala Elias sem muita vontade.
"- Quer ser o juiz do nosso jogo?"
"- Não. Daqui a pouco vou voltar para o trabalho..."
"- Você trabalha aqui perto? Onde?", Fernanda olha para um lado e para o outro...
Elias diz: "Aqui perto!"
Nesse instante o irmão, cansado de esperar grita: "- Vamos, Nanda! Vamos jogar."
Elias ri com a insistência do menino e pensa: "Todas as pessoas, de todos os tipos, são iguais..." e abaixou a cabeça.
A menina fez com a mão um "peraí" para o irmão e disse para Elias: "- Ele é sempre nervosinho assim... precisa de calmante! Eu vou embora." e esticou o braço e fez menção de apertar a mão do rapaz; Elias sorriu mais "frouxo", também esticou o braço e os dois disseram: "- Tchau!" ao mesmo tempo. Fernanda riu alto.
A menina virou para o irmão e começou a explicar coisas-de-adultos: "Calma, tem que saber esperar; você nasceu de seis meses? Você é o primeiro na fila da merenda?..." e a voz dela foi sumindo, no meio dos barulhos da praça.
Elias riu mais e se deu conta de que estava encharcado de suor; o sol estava mais forte; as mulheres com os bebês tinham ido embora, o jogo de buraco continuava, mas o cão tinha sumido...
O rapaz levantou do banco, caminhou devagar, cruzando a praça, e surpreso com aquele encontro "do nada!"; percebeu que sua expressão era outra, o rosto e a cabeça estavam mais "leves"; foi embora.

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